lorenzo busato restaurantes consultoria palestras supermercados móveis lojas técnicas postos

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Lado Obscuro do Que Comemos

Há muito sabemos que as indústrias alimentícias, em sua maioria, não produzem comida saudável. Mas ela nunca produziu tanta tranqueira como agora. Mas será que o que ela produz é o suficiente para nos colocar doentes? Será que o pesticida mata? Será.......?

É um texto "delicioso". Li, achei extremamente interessante e informativo. Escreveram muito bem os autores. Leia com atenção. Seja crítico. Pense. Debata. Vale a pena,  por isso postei na íntegra. Não queria suprimí-los - vocês - dessas informações. 

Divirta-se lendo.


      Frango. Água. Maisena modificada. Soda para cozimento. Sal. Glicose. Ácido cítrico. Caldo de galinha. Fosfato de sódio. Antiespumante dimetilpolissiloxano. Óleo hidrogenado de soja com antioxidante TBHQ. Isso agregado a mais 26 ingredientes é o que conhecemos pelo nome de nugget. 
      Percebeu tudo o que ingerimos sem nos darmos conta? Falar sobre nuggets é um mísero exemplo disso.  ë como se estivéssemos falando sobre a fabricação de canetas, ventiladores, carros. Chamamos com o nome moderno de agropecuária industrial.

Muitas verdade e muitos mitos rondam a indústria alimentícia. vamos ver aldguns deles:
. Verdade - fertilizante mata
      E os fertilizantes são a matéria-prima de tudo o que você come hoje, seja alface, seja dois hambúrgueres, alface, queijo e molho especial - no pão com gergelim.
Mata peixes, não pessoas. Mas mata. Resíduos de fertilizante vão parar em rios, e daí para o mar. Lá eles fertilizam algas e elas crescem. Mas isso não é bom: quando elas morrem, sua decomposição rouba oxigênio da água. E os peixes sufocam. São as chamadas zonas mortas.       
      Existem quase 400 delas nos mares.

      Porque são utilizados? Sem eles para anabolizar as plantações, não haveria comida para todo mundo. O problema é que, com eles, podemos ficar sem mundo. "Na porteira da fazenda, ainda antes do uso, um saco de 100 quilos de fertilizante químico já emitiu 4 vezes esse peso em CO2 para ser fabricado. Depois que aplicam no solo, pelo menos 1 quilo daquele nitrogênio (elemento principal do fertilizante) é liberado para o ar em forma de óxido nitroso, um gás quase 300 vezes pior para o aquecimento global do que o CO2". Segundo pesquisa da Embrapa, nessa toada, a agropecuária consegue emitir sozinha 33% dos gases-estufa do mundo, mais do que todos os carros, trens, navios e aviões juntos, que somam 14%.
Além disso, os fertilizantes deixam resíduos debaixo da terra que chegam aos lençóis freáticos e acabam no mar. Mas isso é pouco comparado ao que a
comida moderna pode fazer ao seu corpo. 

Voltemos ao nugget!

. Verdade - nugget é feito de milho e soja
       Os empanados de frango são um dos ícones da indústria de alimentos, baseada, como qualquer outra, em mecanização, uniformização, produtividade. Essas exigências levam a um fato curioso: há quase 40 ingredientes diferentes em um nugget, mas 56% dele é milho.
A maisena é farinha de amido de milho - o ácido cítrico, a dextrose, a
lecitina, tudo é feito com moléculas desse grão. Ou com grãos de soja, dependendo do que estiver mais em conta no mercado de commodities agrícolas (pensando bem, até a galinha é feita de milho e soja - é isso que ela come de ração. Metade da área plantada no Brasil é dominada pela soja, que aparece em 70% dos alimentos processados. E um terço das plantações americanas são lavouras de milho Isso acontece porque soja e milho produzem mais calorias que a maioria das plantas; são resistentes ao transporte e a anos de estocagem, entre outras vantagens competitivas.
       Mas qual é o problema de chegar a essa variedade de
comida com apenas dois grãos? Os bois podem dar uma primeira resposta.

       No mundo desenvolvido, praticamente toda a carne sai das fazendas de confinamento - galpões onde os bois passam a vida praticamente empilhados uns nos outros, só engordando. Nesses galpões, a
comida do boi não é capim, mas ração à base de milho e soja. O inconveniente é que ele não come grãos. Industrialmente falando, um boi é uma máquina que transforma celulose de capim (algo que o nosso organismo não digere) em proteína comestível - a carne dele. Mas capim é bem menos calórico que milho e soja
      Para ele crescer rápido e ir logo para o corte, tem que ser ração mesmo. Só que o metabolismo do bicho pena para processar tanta comida indigesta. A fermentação dos grãos no sistema digestivo dele pode causar um inchaço do rúmen (o estômago do boi) que pressiona os pulmões e pode matar o animal. Para combater isso, os criadores enchem os bois de antibiótico: 70% dos antimicrobiais usados nos EUA são misturados às rações de animais. O problema é que isso cria superbactérias resistentes a antibióticos.
       É Darwin em ação: os antibióticos nem sempre matam todas as bactérias. Às vezes sobram algumas que, por mutação genética, nasceram imunes ao remédio. Sem a concorrência de outras bactérias, elas se reproduzem à vontade. Nasce uma cepa de micro-organismo mais resistente a qualquer antibiótico. Ela podem ser letal. Ainda mais se for parar na prateleira do supermercado.

       Foi o que aconteceu com uma variedade agressiva de Escherichia coli. Em 2001, o garoto americano Kevin Kowalcyk, de 2 anos de idade, comeu um hambúrguer contaminado por essa bactéria e morreu 12 dias depois. O caso produziu algo inusitado: um recall de hambúrguer.


        No Brasil isso não é um problema. Só 6% do nosso abate vem de confinamentos, contra 99% nos EUA. Aqui os bois ficam soltos. Bom para eles, pior para as bactérias. Mas pior também para as florestas. Nossos pastos são formados à custa de desmatamento da Amazônia e do cerrado. E isso leva o Brasil ao posto de 5º maior emissor de CO2 do mundo. Quase 52% dos nossos gases-estufa vêm do desmatamento. Para frear isso de forma realista (porque parar de criar bois e de exportar carne não tem nada de realista), a solução é o confinamento. Só que essa modalidade de criação também não é a panaceia para o ambiente. Os galpões de gado causam tantos impactos quanto uma cidade grande: lixo, esgoto, rios poluídos... Até mais, na verdade. Só os animais confinados que existem hoje nos EUA produzem 130 vezes mais dejetos do que todos os americanos juntos.


       Todo esse cocô vai para grandes lagos de esterco, que servem de parque aquático para bactérias: elas podem passar desses lagos para o solo de uma lavoura. Podem e conseguem. Só de recalls de vegetais contaminados por E. coli já foram 20 na última década nos EUA. Em 2009, um surto de salmonela matou 8 pessoas e adoeceu 600 por lá. Grave. Mas não deixam de ser casos isolados. 

O maior problema da comida hoje é outro: o fator Roberto Carlos.

. Imoral e engorda!

       O Rei estava certo quando disse que tudo o que ele gosta é imoral, ilegal ou engorda. Comida gostosa, mas gostosa mesmo, viciante, só é boa porque é calórica - os aspargos que nos perdoem, mas gordura e açúcar são fundamentais. Não para a saúde, mas para o cérebro. Ele gosta mesmo é de porcaria. Nosso cérebro nos recompensa com doses de dopamina cada vez que comemos algo bem calórico, energético. É que no passado isso era questão de sobrevivência - havia pouca comida disponível, então quanto mais calórica ela fosse, melhor.      
      A massa cinzenta dá essa mesma recompensa dopamínica depois do sexo ou de drogas pesadas. Por isso mesmo basta experimentar qualquer uma dessas coisas uma única vez para ter vontade de repetir. Com comidas energéticas, recheadas de carboidratos ou gorduras, não é diferente, você sabe. É impossível comer um só.
. Mito - Frango com hormônio
       Uma das lendas mais persistentes é a de que o frango é entupido de hormônios. E que esse hormônio pode ser letal para nós. Não. Não rola hormônio. "O segredo para o frango crescer tão rápido está na genética", diz o engenheiro agrônomo Gerson Neudí Cheuermann, da Embrapa. 
      A fórmula da ração do frango não é segredo: além de milho, soja e minerais, entram aminoácidos produzidos em laboratório (metionina e lisina), que servem de fato para bombar o galináceo, mas não fazem mal para quem come.

       E a indústria dos alimentos se formou justamente em torno das comidas que mais liberam dopamina. Isso começou no final do século 19, com o início da produção em massa de açúcar e farinha de trigo refinada. Refinar uma planta significa estirpá-la de suas fibras, proteínas, minerais e deixar só o que interessa (pelo menos do ponto de vista do cérebro): carboidrato puro, energia hiperconcentrada. Depois vieram conservantes mais potentes (como o antiespumante e o antioxidante lá do nugget) e o processamento artificial, com máquinas que transformam carcaças de bichos e um monte de subprodutos de milho e de soja em coisas bonitas e de sabor viciante. 
Começava a era da comida industrializada. A nossa era.

       E a produção de alimentos nunca mais seria a mesma. O cérebro do consumidor guia a
indústria dos alimentos. Esse cérebro prefere comida turbinada por açúcar e gordura, certo? Então a seleção natural age de novo, mas dessa vez no mercado: só sobrevive quem produz comida mais gostosa. E a mais gostosa é a gorda (olha o Robertão aí de novo!). Natural, então, que o mercado de comida processada acabasse dominado por bombas calóricas. Nosso amigo nugget, por exemplo, recebe doses extras de gordura (óleo hidrogenado de soja) e também de açúcar (a glicose). Mais do que alimentar, a função dele é dar prazer.

       Mas é um prazer que pode custar caro. Um "suco natural" industrializado, por exemplo, pode ter até duas colheres de açúcar para cada 200 mililitros. Nosso corpo não é adaptado para suportar doses cavalares como essa o tempo todo. A produção de insulina, por exemplo, pode sobrecarregar e dar pau - e sem esse hormônio, que gerencia o processamento de acúcar no organismo, você se torna diabético.


       EUA, 1 em cada 10 adultos tem diabetes - duas vezes mais do que em 1995. E a perspectiva é que essa proporção triplique nas próximas décadas, agora que 1,6 milhão de novos casos são diagnosticados por ano. Para completar, 70% da população é considerada acima do peso. E nós aqui no Brasil estamos indo por esse caminho. Quanto mais a economia cresce, maior fica a nossa cintura. No meio dos anos 70, quando o IBGE mediu pela primeira vez o peso da população, 24% dos brasileiros estavam acima do peso. Hoje são 50%.


       O aumento de peso pode ser o resultado mais visível de uma dieta inadequada. Mas quem está na parcela sem pneuzinhos da população também corre riscos. Principalmente por causa de outro ingrediente-chefe da
comida industrializada: o sal. "A maior parte do sal que a gente consome não está nos saleiros, mas nos alimentos processados" diz Michael Klag, diretor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade John Hopkins, nos EUA. O sal é adicionado para ajudar a preservar o produto e, principalmente, reforçar o sabor. E ele acaba onde você menos espera. Está nos cereais de café da manhã e até nos achocolatados - para deixar o chocolate menos enjoativo.

       A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de, no máximo, 6 gramas de sal por dia para evitar pressão alta - e as doenças que ela causa. Os brasileiros comem o dobro disso. De acordo com a Ação Mundial pelo Sal e pela Saúde, uma organização que reúne membros em 81 países para tentar diminuir o consumo global de sal, se a população mundial comesse apenas os tais 6 gramas de sal por dia, haveria 24% menos casos de ataques cardíacos pelo mundo e 18% menos derrames.


       Os hábitos alimentares de hoje podem estar contribuindo também para um aumento em alergias alimentares e doenças intestinais. Para você ter uma ideia, o número de pessoas internadas em hospitais por causa de alergias nos EUA quadruplicou entre 2000 e 2006 (de 2 600 para 9 500 pessoas por ano). O maior suspeito aí é a falta de fibras da
comida industrializada.

       Uma pesquisa liderada por Paolo Lionetti, da Universidade de Florença, analisou a flora intestinal de crianças italianas e comparou com a de garotos de Burkina Fasso, na África, que têm uma dieta rica em fibras e nunca viram
comida processada. Então descobriu que as crianças africanas tinham uma flora intestinal mais variada, capaz de protegê-las de uma série de doenças. "Acredito que a dieta dos países ocidentais tem um papel importante no aumento das alergias e infecções intestinais", diz Paolo.

       Os nuggets, pizzas congeladas e cia. não são o único problema. A
comida reconhecidamente saudável também tem seus pontos fracos. Dados dos governos americano e inglês mostram quedas nas quantidades de ferro, vitamina C, riboflavina, cálcio, zinco, selênio e outros nutrientes em dezenas de colheitas monitoradas desde os anos 50. Hoje, você tem que comer 3 maçãs para ingerir a mesma quantidade de ferro, por exemplo, que uma maçã fornecia. São várias as razões que poderiam justificar esse fenômeno. Parte da explicação pode vir dos critérios que usamos no melhoramento genético, selecionando variedades de milho, soja e outras plantas segundo a produtividade, não a qualidade nutricional. 
      Pior: nossas plantas criadas à base de fertilizantes, como crescem mais rápido, têm raízes menores e menos tempo para acumular nutrientes além daqueles que vêm no próprio fertilizante. Mais: poupadas de lutar contra insetos pelo uso de pesticidas, estariam produzindo menos polifenóis - substâncias que usam como mecanismo de defesa e que nos beneficiam por suas ações anti-inflamatórias e antialérgicas.



. Verdade - veneno na feira
       Tão fundamentais para a agricultura moderna quanto os fertilizantes são os pesticidas. Ainda mais com as monoculturas sem fim de hoje. Imagine o que acontece quando um inseto que tem na raiz da soja seu prato preferido topa com hectares e mais hectares onde só existe essa planta? Ele não arreda mais o pé dali, se reproduz vertiginosamente e traça tudo o que vê pela frente: eis uma praga agrícola. Elas não são novidade. Mas claro que, com a demanda por alimentos que existe hoje, seja ou não comida industrializada, não dá para abrir mão deles.

Verdade - Dá para se proteger dos agrotóxicos veja como:
1. Prefira produtos locais

Frutas importadas, por exemplo, terão mais químicos para suportar a viagem e chegar em bom estado ao Brasil. 
2. Lave as frutas com esponja
Só água pode não ser o bastante para tirar os resíduos de pesticida.
3. Compre produtos da época
As frutas que não são da estação recebem mais agrotóxicos para durar além da conta.
4. Evite a beleza exagerada
Desconfie da fruta que parece obra de arte. Ela pode ter recebido mais agrotóxicos.

       No Brasil, menos ainda. O surgimento de novas pragas, como a ferrugem de soja (um fungo nocivo), transformou o país no maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Superamos os EUA nesse quesito em 2008, quando o mercado de defensivos agrícolas movimentou mais de US$ 7 bilhões no país. A façanha tem consequências. 
      A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou o relatório anual sobre a presença de resíduos de agrotóxicos nas frutas, verduras, legumes e grãos que o brasileiro consome. Das 3 130 amostras de 20 culturas de alimentos estudadas pela agência em 2009, 29% apresentaram alguma irregularidade. Mas não é motivo para pânico. "O fato de um alimento apresentar resíduos de pesticida além do limite estabelecido não indica necessariamente risco para a saúde", diz a toxicologista Eloisa Caldas, da Universidade de Brasília. O ponto, segundo ela, é evitar uma dieta monótona. Quanto mais variada sua alimentação, menos chance você tem de comer o mesmo pesticida. E isso diminui o risco de intoxicação.

       Mais seguro ainda é comprar alimentos orgânicos. Eles não recebem veneno em nenhum momento, desde o plantio até a gôndola do supermercado. Nem veneno nem fertilizante químico. Então são mais saudáveis para o ambiente. E a quantidade de nutrientes por centímetro cúbico é maior. O problema é que a produção da lavoura orgânica é, em média, 30% menor que a convencional - e os vegetais que saem dela acabam 30% mais caros.

      Estudos mostram que, mesmo assim, daria para alimentar o mundo só com orgânicos. Mas só se o consumo de carne diminuir. O que uma coisa tem a ver com a outra? É que boa parte do que plantamos é para alimentar animais de criação. Uma peça de picanha, por exemplo, exige 75 quilos de vegetais para ser produzida. Só que o mundo está cada vez mais carnívoro - a China, depois de ter virado a 2ª maior economia do mundo, passou a comer 25% de toda a carne do planeta. Hoje temos 20 bilhões de animais de criação, e a perspectiva da ONU é que esse número vá dobrar até 2050.

      Até existe um tipo de carne que não depende nada das plantações: os peixes selvagens. Mas eles não são a alternativa. Primeiro, porque os mais nobres estão acabando. Algumas espécies de atum e de bacalhau não devem escapar da extinção. Segundo, porque existe o perigo da contaminação por mercúrio, pelo menos para quem come certos peixes com frequência.

 
. Cuidado: até os peixes mais saudáveis podem estar contaminados por
Nível de mercúrio - Quanto mais alta a concentração, maior o perigo para quem come com frequência
Moderado:
Atum em lata, Bacalhau
Alto:
Atum DE SUSHI, Anchova
Muito alto:
Cação, Peixe-espada

       Funciona assim: embora o metal possa ser encontrado em todos os ambientes, é no meio aquático que mora o perigo. Graças à ação de bactérias, sobretudo em zonas alagáveis, o mercúrio é transformado em sua forma orgânica e mais perigosa: o metilmercúrio. Nessa versão, ele penetra nas algas. As plantas aquáticas têm baixo teor de mercúrio, mas os peixes herbívoros (que se alimentam dessas plantas) têm um pouco mais. E os predadores (que comem os herbívoros) acabam com um índice bem maior. Quanto mais perto do topo da cadeia alimentar, mais contaminado tende a ser o peixe. Não significa que todo peixe grande esteja contaminado. Se ele vive numa região livre de mercúrio, o que é comum, não tem problema. 

      Mas claro: quem vê cara não vê contaminação. Você só tem como saber o estado dos peixes que comeu se acabar intoxicado - os sintomas são tremores, vertigem, perda de memória, problemas digestivos e renais, entre outros. 


 
. Mito - Salmão com corante
       O salmão é um peixe branco por natureza. O rosa vem da astaxantina, um pigmento que existe em algas microscópicas. Primeiro o camarão come essas algas, depois o salmão come o camarão e fica rosado. Só que os peixes criados em tanques não comem camarão. Deveriam ficar brancos a vida toda. Mas não. Eles são rosa também (menos, mas são). Corante? Não exatamente: o que fazem é colocar astaxantina na ração dos peixes - ela pode ser sintética ou vir daquelas microalgas mesmo.

Peixes contaminados, overdose de gordura e açúcar, fertilizantes que dependem de combustíveis fósseis e destroem ecossistemas... Estamos no fim da linha, então? Sim.

       Mas já estivemos antes. Ontem mesmo era 1960, o mundo tinha 3 bilhões de habitantes e uma certeza: estávamos à beira de um colapso. Mais um pouco e não teria comida para todo mundo. 
      Mas não. Chegamos a 6,5 bilhões de pessoas graças justamente à globalização dos fertilizantes e da comida industrializada - a produção em massa barateou os alimentos. Esse boom alimentício ficou conhecido como Revolução Verde. 
       Agora, precisamos de mais revoluções. Uma, a da conscientização sobre os perigos do fast food e da comida processada, já começou. E a ciência tem feito seu papel também, pesquisando alternativas que vão de plantas geneticamente modificadas que dispensam fertilizantes e pesticidas até carne de laboratório - um meio de entregar proteínas sem o intermédio de animais. 

Fonte para este artigo: 
texto escrito por Claudia Carmello, Barbara Axt, Eduardo Sklarz e Alexandre Versignassi

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Por que Pimenta Arde?

       Esta  é para matar a minha curiosidade. 
Amo pimenta, de todas as formas e cores. Não consigo cozinhar sem uma danadinha. Quando era proprietária do Restaurante Árabe em Curitiba, havia um cliente constante que sempre me perguntava se havia pimenta na comida, pois ele não gostava. Cada um com suas preferências.
E por que ela é tão ardida?
       O segredo dos seus olhos lacrimejantes e do fogo na boca está nos pontos brancos no interior da malvada. A capsaicina, substância concentrada na placenta, parte branca onde as sementes da pimenta estão presas.Mas saiba que a capsaicina não tem sabor nem cheiro. O que ela faz é estimular. Assim que ela é ingerida, estimula as células nervosas da boca e envia mensagem de desconforto ao nervo trigêmio. Nossa! E o que é o tal nervo? O nervo trigêmeo constitui o quinto (V) par de nervos cranianos. É assim chamado por possuir três ramos: o mandibular, o oftálmico e o nervo maxilar. É um nervo com função mista (motora e sensitiva), porém há o predomínio de função sensitiva. Controla, principalmente, a musculatura da mastigação e a sensibilidade facial. Assim, este nervo é quem faz os olhos lacrimejarem e irritam nariz.
      Existem umas mais e outras menos ardidas, sendo que a intensidade dos sintomas varia, pois depende do tipo e da concentração de capsaicina. É por isso que pimenta malagueta arde mais que a dedo de moça. 
     Você sabia que há um termômetro de ardência com uma medida específica - Unidade de Calor Scoville (SHU)? A "trinidad morug scorpion" (o nome diz tudo) é a pimenta mais ardida que se tem conhecimento e serve para fazer molhos como o chili.


Ardômetro das Pimentas
Pimentão - zero SHU - origem: América Central e América do Sul
Biquinho doce - zero SHU - origem: Minas Gerais



Japaleño - 30 mil SHU - origem: México

Dedo de moça - 40 mil SHU - origem: Brasil


                   
Malagueta - 190 mil SHU - origem: Angola, Cabo Verde, Mçambique,
 Portugal , Brasil
Cumari do Pará - 210 mil SHU - origem: Amazônia
                                   Murupi - 220 mil SHU - origem: Amazonas e Pará 
Agora começa a subir a ardência
Habanero - 300 mil SHU - origem: México e Caribe
Bhut Joloquia - 1 milhão SHU - origem: Índia
Trinidad Moruga Scorpion - mais de 1,2 milhão SHU - origem: Trinidad e Tobago

Fonte para este artigo: Revista Superintererrante

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Segurança Alimentar e o Desperdício Alimentar




Primeiramnte, vamos dissecar de onde surgiu o termo segurança alimentar.
O que é Segurança Alimentar?

Historicamente, o termo foi utilizado pela primeira vez após a Primeira Guerra Mundial, quando o fornecimento de alimentos poderia ser instrumento de controle de um país sobre outro. Estava ligada, portanto, à capacidade de produção de um país para alimentar seus habitantes, segundo pesquisa do caderno “Segurança Alimentar”, da Embrapa.
Ao longo do tempo, outras questões somaram-se ao conceito, como o sistema de produção da comida que comemos, o acesso a alimentos de boa qualidade nutricional, sem componentes químicos que prejudicam a saúde, e o respeito à cultura alimentar dos diferentes povos.
Todas, no entanto, convergem para um ponto: alimentar-se é essencial e um direito básico de qualquer pessoa. “É preciso que se considere o direito humano à alimentação como primordial, que antecede a qualquer outra situação, de natureza política ou econômica, pois é parte componente do direito à própria vida”, diz o estudo.
A segurança alimentar depende de um sistema que garanta a produção, distribuição e consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequadas, mas que não comprometa a capacidade de alimentar as próximas gerações. “Cresce a importância dessa condição frente aos atritos produzidos por modelos alimentares atuais, que colocam em risco a segurança alimentar no futuro” – os grandes números de desperdício fazem parte desses modelos.

E o que sobrou no prato!
vamos evitar o desperdício de comida?


O Brasil é um dos países que mais desperdiça alimentos no mundo. E mesmo quem tem o costume de deixar “um pouquinho” no prato ajuda a somar números aos índices expressivos de desperdício. Segundo levantamento do Instituto Akatu, um terço do que se compra de alimentos para uma casa vai para o lixo, enquanto cerca de 65 milhões de pessoas vivem com algum tipo de restrição alimentar no Brasil, de acordo com o IBGE.
Os impactos são sentidos pela sociedade e pelo meio ambiente de diversas formas, já que jogar fora o que sobrou no prato não é só se desfazer de comida, mas também desperdiçar a água e energia usados na produção e transporte desses alimentos até a mesa do consumidor. Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) mostram que a população urbana gasta em média 30% mais com alimentos que as pessoas que moram nas zonas rurais. E é nas cidades, também, que o foco de desperdício é maior.
Com atitudes simples, é possível fazer diferente:

Faça uma lista
Planeje suas compras para não colocar no carrinho mais que o necessário. Isso vale principalmente para produtos frescos como verduras e frutas, que estragam com mais facilidade. Para ajudar, anote no papel o que você ainda tem em casa e o que precisa comprar.


Olhe a data
Confira a data de validade dos alimentos e certifique-se de que você irá consumir o produto antes do vencimento.

 


 Selecione o que vai comer
Aprenda a controlar o “olho maior que a barriga”. Em restaurantes tipo buffet, avalie o cardápio antes de colocar a comida no prato. Em casa, prefira fazer um prato menor (mesmo que repita), ao invés de enchê-lo sem a certeza de que vai chegar até o final.


 Cozinhe sob medida
Ao congelar, divida alimentos como carnes em porções individuais, em especial se você mora sozinho ou com poucas pessoas. A tática é boa para evitar que você coloque na panela mais do que vai para o prato.



  Compartilhe a prática com outras pessoas
Converse com pessoas próximas a você, em especial crianças; mostre a elas o quando é importante usar a consciência na hora de se alimentar.

Reaproveite alimentos
Use a criatividade e faça novas receitas com o que você acha que não serve pra nada. Sobras podem virar sopas, frutas maduras se transformam em geléias e mais uma infinidade de coisas. Que tal um crepe de folhas de couve-flor ou bolinhos de talos e cascas?


Fntes para este artigo: FAO - 
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação,                                   PNAD/IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/Segurança Alimetar,                 Revista Super Interessante

sábado, 15 de setembro de 2012

Compre Corretamente

Carnes bem fresquinhas



A carne bovina e de frango fazem parte da refeição da maioria dos brasileiros. Assadas, grelhadas, cozidas, não importa a forma do preparo, são sempre deliciosas. Mas para garantir um alimento com textura e sabor nota 10, dê preferência aos produtos de uma marca da sua confiança. Além desse cuidado, na hora da compra é preciso ficar atenta a outros detalhes que fazem diferença na qualidade desses alimentos.

Carne bovina
- Em bandejas: a carne deve ser vermelha, brilhante, com consistência firme e elástica, sem manchas escuras ou esverdeadas. A gordura deve ter uma cor amarelo-clara, próxima à tonalidade da manteiga. A bandeja não deve apresentar excesso de sangue. Se estiver pingando da embalagem, não compre.
- A vácuo: a carne tem a cor amarronzada, e isso é perfeitamente normal. A alteração da cor é causada pela ausência de oxigênio; quando a embalagem é aberta a cor da carne se restabelece em poucos minutos. O sangue sempre estará presente e deve ter a mesma coloração escura da carne. Verifique a data de validade do produto, que, por lei, deve estar impressa no rótulo.

Carne de frango
- A carne fresca do frango deve ter consistência firme e elástica, bem aderente aos ossos, cor amarelo pálido, ligeiramente rosada. Mas nunca mole ou pegajosa.
- Não compre carne congelada de aves que apresente a embalagem danificada, cheia de água, gelo ou sangue.
- Ao comprar frango inteiro, pressione o osso do peito: se estiver flexível, a carne está tenra e fresca.

Local da compra
- Faça a compra em estabelecimentos de sua confiança. Observe a higiene do local, pois isso se refletirá na higiene da carne fornecida. Lembre-se de que os funcionários do açougue devem ter os cabelos presos ou usar toucas, assim como uniformes brancos e limpos.
- Opte por açougues com paredes azulejadas e pisos de cerâmica, balcões e instalações limpas, e onde não haja carnes dependuradas em ganchos.
- As carnes devem permanecer refrigeradas, e não expostas ao ambiente. Devem, também, estar protegidos contra insetos e poeira.
- Verifique se o balcão frigorífico é mantido em temperatura constante. Um meio de avaliar o funcionamento do balcão é observar se as carnes bovinas expostas mantêm a coloração vermelho-cereja brilhante.
- A iluminação do balcão de carnes também é importante: evite comprar carne onde os comerciantes utilizam lâmpadas avermelhadas, pois isso mascara a cor real do produto.
- Fique atenta: o excesso de produtos expostos nos balcões refrigerados prejudica a circulação do ar frio e compromete a conservação dos alimentos.
- Cada produto deve ter o seu lugar. Portanto, cortes de diferentes espécies, como bovinos, suínos e de aves, não devem estar misturados nos balcões frigoríficos.

Produto inspecionado
A carne inspecionada é a garantia de que o produto foi vistoriado por um médico veterinário especializado antes de chegar ao ponto de venda. Esse profissional é treinado para analisar as carnes detalhadamente e não envia ao varejo as que não estão próprias para o consumo. Existem serviços de inspeção federal, estadual e municipal - e a informação sobre a inspeção deve ser apresentada nas embalagens ou na loja. Carnes inspecionadas, quando vendidas nas embalagens do frigorífico, têm em sua etiqueta a identificação do corte, o número do Serviço de Inspeção (chamado de S.I.F. no caso de inspeção federal), o nome do frigorífico, a origem, a data de embalagem e/ou de validade e o sexo do animal. Prefira sempre carne inspecionada. Ela é a garantia de sua segurança.

Fonte para este artigo:  www.sadia.com.br

sábado, 8 de setembro de 2012

Estamos Nos Enganando!

5 comidas que parecem saudáveis mas, não são


Na era da saúde, pega bem dizer que você não toma refrigerante, come barras de cereais todo dia e chocolate, só diet. Se você é desses, seu mundo está prestes a cair. É que tem muitos alimentos que são bem menos saudáveis do que imagina a nossa vã filosofia. Confira cinco exemplos na lista a seguir:

Misturas prontas para sopas



Por que parece saudável?
Uma sopinha quente parece ser a melhor comida do mundo quando ficamos meio adoentados. Cozinhar legumes e ferver a água demora muito? Talvez as misturas prontas – as famosas sopas de ‘pozinho’ – resolvam o problema.

Por que não é?
Apesar da praticidade, as misturas de sopa têm gorduras e conservantes de sobra. E sódio. Muito sódio. Em alguns casos, uma única porção pode ultrapassar a quantidade diária recomendada do mineral. Como você pode imaginar, isso não é bom.

“A longo prazo, esse produtos podem causar problemas do coração, hipertensão e diversos tipos de câncer”, diz Lenycia Neri, diretora da Nutri4Life Consultoria em Nutrição. Não é de se admirar que órgãos como o Ministério de Saúde e a OMS tenham feito campanha contra as sopas de pozinho.

Ketchup

Por que parece saudável?
Há quem acredite que, por ser feito a partir de tomates, o ketchup não faça tanto mal assim. Afinal, tomate é um vegetal, né? Absurdo? Em 1981, a Secretaria de Agricultura dos EUA não achava. O órgão propôs que as escolas públicas americanas cortassem gastos com vegetais de verdade e os substituíssem pelo ketchup, bem mais barato. Uma polêmica parecida aconteceu em 2011, mas dessa vez o protagonista era a massa de tomate das pizzas. Sim, queriam convencer o mundo de que a massa de tomate das pizzas era um vegetal.

E por que não é?
Sim, o ketchup vem do tomate – e herdou da fruta algumas coisas boas, como o licopeno, um poderoso antioxidante. Mas, por outro lado, as receitas exageram no nível de açúcar e sal para padronizar o sabor e estender o tempo de validade do produto. E você já sabe: açúcar e sal, em excesso, não fazem bem.



Chocolate Diet



Por que parece saudável?
Basicamente, a lógica é que se o chocolate é diet, ele tem menos açúcar e, portanto, menos calorias. Saudável demais! Só que não.

E por que não é?
Os alimentos diet são aqueles em que há retirada de algum ingrediente da formulação, sendo o mais comum o açúcar. Mas isso não quer dizer que eles são necessariamente mais saudáveis. Com a retirada de um dos ingredientes, outro pode aparecer em maior quantidade para que o alimento não perca o sabor. No chocolate diet, retira-se o açúcar, mas a quantidade de gordura é maior que no chocolate tradicional. No fim das contas, neste caso o diet acaba tendo um valor calórico maior que o do tradicional. Vantagem zero (exceto se você não puder consumir açúcar, é claro).

Com os alimentos light, a coisa não é muito diferente. Normalmente, os alimentos light têm 25% menos gordura, sal ou açúcar que os comuns. O problema é que, segundo a nutricionista Camila Barreto, “a redução é em relação ao alimento tradicional”. Ou seja, mesmo reduzidas, essas quantidades podem ser maiores do que o que é recomendado.

Sucos de frutas


Por que parece saudável?
Você sabe desde pequeno que frutas são saudáveis. Mas sucos são muito mais fáceis de carregar e não estragam se você esquecer a caixinha fechada na despensa por semanas. Afinal, é tudo a mesma coisa.

Por que não é?
O problema está na quantidade de açúcar na receita. Não faz diferença se for néctar, suco de caixinha ou suco em pó – todos podem ser ricos em açúcar, ter muitos conservantes e corantes e não ter todas as vitaminas encontradas na fruta. Aliás, até os sucos ditos ‘naturais’, ‘com 100% de fruta’ estão na lista negra. Um “suco natural” industrializado, por exemplo, pode ter até duas colheres de açúcar para cada 200 mililitros. Nosso corpo não é adaptado para suportar doses cavalares como essa o tempo todo. A produção de insulina, por exemplo, pode sobrecarregar e dar pau – e sem esse hormônio, que gerencia o processamento de acúcar no organismo, você se torna diabético. Ou seja, está na hora de voltar a frequentar o sacolão.


Barras de cereais



Por que parece saudável?
Tem pedaços de frutas, vitaminas, proteínas e muitos sabores para escolher. E as fibras fazem bem para o funcionamento do intestino.

Por que não é?
Existem barras de cereais saudáveis. Mas nem todas são. Os vilões você já conhece: o açúcar em excesso e a gordura saturada. Fica ainda pior quando você percebe que nem todas as barras têm fibras.

Da próxima vez, preste atenção nas informações nutricionais e na lista de ingredientes que estão na embalagem. Prefira sempre as barras com maior teor de fibras, menos gordura e mais frutas e grãos integrais. Além disso, outra dica é variar, comendo outros alimentos como lanches entre as refeições.

Fonte para este artigo: Revista Super Interessante/Consultoria: Lenycia Neri, nutricionista graduada pela USP e diretora da Nutri4Life Consultoria em Nutrição; Camila Capellette Barreto, aprimoranda de Nutrição Clínica – FSP/USP; Andrea Catalani, aprimoranda de Nutrição Clínica – FSP
/USP.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Você Sabia? Eu Não Sabia!

                                 Contaminação do leite de vaca e derivados
              Em minha ignorância, achava que a classificação do leite de vaca em tipos A, B e C significava a quantidade de gordura presente no leite. Que absurdo eu descobrir o quanto eu estava desinformada. 

 

             O leite de vaca merece especial atenção, pois é altamente perecível e largamente consumido pela população - sobretudo pelas crianças. Tem merecido atenção dos responsáveis pela fiscalização sanitária. As infecções podem resultar da ingestão do leite in natura contaminado por bactérias ou pode haver contaminação posterior: durante o transporte até as usinas de pasteurização, no entreposto após a pasteurização ou durante a manipulação pelo próprio consumidor. Os derivados do leite também podem sofrer contaminação durante seu processo de fabricação. A classificação do leite de vaca nos tipos A, B e C é baseada nos seus diferentes padrões microbiológicos. O leite tipo A é o que contém menos de 10.000 microrganismos/ml de leite cru, enquanto o B pode apresentar até 500.000 microrganismos/ ml e o C, mais de 500.000 microrganismos/ ml9. Há algum tempo foi proposta a extinção da comercialização do leite tipo C, considerado inaceitável para o consumo humano tendo em vista os limites de contaminação microbiológica fixados atualmente. Porém, o amplo consumo do leite tipo
C, inclusive doado a famílias carentes como parte de programas públicos de combate à desnutrição infantil e seu custo mais baixo, fazem com que essa medida demore a ser adotada. Uma pesquisa, baseada em laudos oficiais de análises microbiológicas do leite e derivados comercializados em Brasília, DF, revelou que dentre 1.030 amostras coletadas, 34,7% apresentavam contaminação bacteriana. Foram reprovados: 80% da ricota; 67% do queijo tipo “Minas frescal”; 64,2% do sorvete; 57,1% do queijo prato; 47% do leite tipo A; 37,5% do leite tipo B; 27,3% da manteiga; 26,9% da mussarela; 23% do leite tipo C; 10% do
iogurte; 8,3% do requeijão e 7,6% do leite em pó dessa amostragem. Nos queijos e sorvetes, além de coliformes fecais foi encontrado S. aureus, um dos principais causadores de  oxinfecções alimentares. Observou-se que a contaminação do leite ocorria, em 48,4% das vezes, nas fazendas de gado leiteiro, em 22,5% nos caminhões usados no transporte da matéria-prima até os entrepostos e em 28,7% nos pontos de venda do leite9. Algumas conclusões importantes podem ser extraídas desses resultados. Em primeiro lugar, muitas fazendas de gado leiteiro apresentam condições precárias de higiene, nem sempre fazem
anti-sepsia adequada dos úberes das vacas antesda ordenha e ainda empregam a ordenha manual.
               Há falhas na refrigeração do leite nos caminhões a caminho das usinas e os processos de beneficiamento e armazenamento nas indústrias dão-se em locais cujos cuidados sanitários são insatisfatórios. Soma-se a isso a refrigeração deficiente dos produtos lácteos nos pontos do comércio varejista, pois sabe-se que alguns estabelecimentos desligam os congeladores e refrigeradores durante a noite para poupar energia, religandoos na manhã seguinte. Surpreendentemente, nessa amostragem o leite tipo C apresentou qualidade microbiológica superior à dos demais tipos. A baixa contaminação do leite em pó, com o menor índice entre os produtos lácteos, mostra que mesmo o rigoroso controle de qualidade das grandes indústrias não elimina completamente esta possibilidade. Adicionalmente, ficam
as ressalvas de que o preço do leite em pó não está ao alcance do poder aquisitivo da maior parte da população brasileira, e que o preparo com água não fervida acaba contaminando o produto. Com relação aos derivados do leite, deve ser observado que os sorvetes caseiros em geral não são pasteurizados, o que significa que muitos patógenos e toxinas não são destruídos, sendo mantidos mesmo nas temperaturas de congelamento do produto. Os queijos são os derivados mais suscetíveis à contaminação, dado o método de sua fabricação, com vários processos envolvidos: pasteurização do leite, coagulação, corte do coágulo, dessoragem, enformagem, salga, maturação (quando necessário) e embalagem. Nesse sentido, outro estudo, feito com 80 amostras de queijo “Minas frescal” vendido na cidade de Poços de Caldas, MG, mostrou que a metade apresentava contagens de S. aureus muito
acima do limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde10. A contaminação foi maior nos queijos vendidos nas feiras livres, onde não havia refrigeração do produto. Nessas amostras, as concentrações de S. aureus estavam muito perto do inóculo necessário para provocar um surto de infecção alimentar estafilocócica. Apesar da proibição legal da venda de queijos frescos a partir do leite cru, os pesquisadores encontraram um grande número de queijos
feitos artesanalmente com leite não pasteurizado, em suas coletas naquela cidade.

Não me entendam mal! Não estou preconizando o abandono do consumo do leite de vaca mas, a escolha correta para a sua saúde e a de sua família....

Fonte para este artigo: Pediatria (São Paulo) 2001;23(4):320-8/320
Contaminação de alimentos/Balbani APS, Butugan O
Contaminação biológica de alimentos/Biological food contamination

Aracy Pereira Silveira Balbani1, Ossamu Butugan/Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...